30 de dezembro de 2014

Intercâmbio cultural remunerado - Au Pair - Ser ama no estrangeiro

Eu sempre quis viver no estrangeiro. Mas não falava inglês, apenas francês e espanhol, o que fechava um bocadinho as minhas oportunidades.

Em 2009 comecei a pensar nessa ideia a serio. Era nova, nao tinha filhos e apesar de ter emprego precisava de novos desafios.

Pessoalmente não queria ir para o estrangeiro para enriquecer mas queria arranjar uma alternativa a ter de ser empregada de limpeza (nada contra, mas eu tinha um bom emprego, não ia mudar para algo pior só por querer emigrar)

Foi quando numa das minhas muitas pesquisas encontrei vários artigos sobre ser au pair.

É um termo francês que significa "par" "igual", vejam a definição aqui

Basicamente consistia em ir para um país estrangeiro cuidar das crianças e estudar numa escola da língua local para aprende-la e aperfeiçoa-la, ensinar à família outra cultura e também aprender a deles.

Digamos que é uma espécie de intercâmbio cultural.

Em troca de cuidarem das crianças recebem um pequeno salário (bastante pequeno) casa, comida e alguma famílias generosas pagam o curso da língua.

Vi que no Brasil muitas jovens ansiavam por essa oportunidade para irem para os Estados unidos.

Registei-me em 3 ou 4 sites.

Procurei famílias.

Primeiro estava indecisa em relação ao país. Em França só me apareciam famílias que vivam muito longe de um aeroporto então deixou de ser opção.
Em Espanha já tinha lá estado uma temporada e falo o suficiente de espanhol.

A opção acabou por ser Inglaterra. Londres. Apesar de Londres ser grande tem bons transportes o que facilita chegar a qualquer um dos aeroportos.

Apareceram nas minhas pesquisas algumas famílias portuguesas que recebiam au pairs mas acabei por me decidir por uma família grega que tinha dois bebés gémeos. Penso que na altura tinham 9 meses.

Trocamos muitos emails sempre com a ajuda do tradutor do Google porque eu não falava mesmo nada. Tudo me parecia bem. Mas achava estranho eles nunca me terem telefonado. Achei que era por lhes ter alertado que não falava mesmo nada de inglês.

Tinha os nomes deles e onde trabalhavam, eram médicos.

A viagem de ida é sempre paga pela au pair para evitar burlas.

Recebi então um postal deles. Muito bonito a dizer que eu era bem-vinda na família e fiquei em êxtase.

O salário que eles pagavam estava bastante acima da média e eu ia ter uma nova vida.

Depois da euforia inicial resolvi analisar bem o postal. Qual não é o meu espanto que a assinatura não coincidia com o nome de nenhum deles.

Fiquei muito assustada e triste e depois de consultar o consulado português em Londres e o de Inglaterra em Portugal nenhum deles dava o menor apoio, ou seja podia ser vítima de alguma rede de tráfico de pessoas. Desisti.

Mas a minha vontade manteve-se. Por sorte pouco tempo depois uma família portuguesa contactou-me.

O melhor de tudo é que viriam a Portugal fazer me entrevista (este não é um procedimento habitual).

Conheci a família e as crianças e adorei-os e eles pelos vistos também gostaram de mim porque acabei por ser a escolhida.

Menos de um mês depois lá estava eu no aeroporto, seria a primeira vez que viajaria sozinha de avião.

Ia aproveitar que só começava a trabalhar em Setembro e passei uma semana de férias em Londres com amigos que viviam lá.

Assumo que na primeira noite no hotel desatei a chorar, estava com medo. Tinha largado o emprego a família e os amigos.

Mas a minha experiência como emigrante deixo para um outro post.




Fui então finalmente para a casa. Era enorme e muito bonita.

As crianças e eu criamos de imediato uma enorme afinidade.

Tinha folga aos sábados a tarde e o domingo até à noite que era quando tinha de voltar a casa.

Mas ao fim de uns dias vi que tinha sido enganada.
Fazia o dobro do trabalho que tinha sido combinado.

Tinha imenso trabalho, eu não era uma au pair mas sim uma empregada interna.

Ao fim do dia estava tão cansada que chegava à cama e aterrava.

Eu não fui maltratada, apenas tinha muito trabalho para fazer, o dobro do inicialmente acordado.

Ao fim de uns meses acabei por desistir.

Teve as suas coisas boas.

Esforcei me muito e aprendi a língua. Abri a minha conta no banco sozinha sem ajuda de ninguém.

Já conseguia manter uma conversa básica e gostava muito das aulas.

Aprendi bastante sobre a cultura e ao fim de um tempo apaixonei-me por Inglaterra.

Aprendi muitas coisas da cultura inglesa, aprendi a falar com sotaque britânico e o pior de tudo tornei-me viciada em compras, Londres é uma cidade pecado para compras.

Se tivesse sido uma au pair de verdade e apenas tomado conta das crianças tinha sido maravilhoso.

Mas este é o meu exemplo real, conheci outras au pairs quando estava lá e tinham uma vida muito melhor que a minha, também conheci outras em situação muito pior.

Existem vários tipos de au pair.

As que só tomam conta das crianças
As que tomam conta das crianças e ajudam algumas tarefas e existem as que são como empregadas internas mal remuneradas.

Os salários são pagos por semana e varia de 75€ para 150€. Se alguém pagar mais fiquem logo de pé atrás.

Procurem também uma agência que vos disponibilize um seguro, vocês tem de pagar para se inscrever nesse site que vos dá um seguro, mas assim ficam com a certeza que o vosso intercambio está assegurado e vai tudo correr bem (podendo mesmo trocar de família)

Os sites são estes:

Find Au Pair (foi neste que fui chamada pelas duas famílias)


Existem outros sites, com uma simples pesquisa podem encontrar vários e muita informação sobre o tema.
Se tiverem dúvidas perguntem, eu responderei a tudo nos comentários. 

16 comentários:

  1. Não conhecia estes sites. Obrigada pela dica **

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    1. De nada querida, como passei por essa experiência achei que poderia interessar a outras pessoas. Beijinhos

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  2. Não sei porque mas sempre desconfiei deste tipo de trabalho.

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    1. Como podes ver a minha experiência não foi propriamente das melhores, mas porque também não quis investir num seguro, indo com uma agência e fazendo um seguro vale muito a pena e é uma experiência diferente, se falo inglês hoje em dia devo a esta experiência :)

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  3. Não conhecia. A ideia parece-me ser bastante interessante.

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    1. É muito interessante, do ponto de vista cultural e acho que é uma boa alternativa para tantos jovens desempregados que temos, se eu neste momento não fosse casada e com uma filha linda estou certa que repetiria a experiência.

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  4. Há sempre experiencias fantásticas...

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    1. Esta foi sem duvida uma experiência que me marcou, apesar dos pontos negativos que referi, tirei imensas coisas boas e aprendi muito.

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  5. Fiquei curiosa, tenho que ler mais sobre o assunto ;)

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    1. É muito interessante, ás vezes conhecemos pessoas que acabaram os estudos e estão desempregados e isto pode ser uma alternativa para uma abertura de horizontes.

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  6. Já tinha ouvido falar nestes programas e já fiquei tentada a ir, mas realmente há que ter bastante cuidado.
    Mas apesar da tua experiência não ter sido a melhor, ainda bem que conseguiste tirar coisas boas :3

    Beijinhos*

    http://palegirlspot.blogspot.pt

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  7. Desconhecia este conceito. São sempre experiências enriquecedoras para nós.
    Parabéns por teres arriscado, só ganhaste com isso. Ás vezes também é preciso ter sorte.

    Beijinhos
    http://sweetestlittlethiings.blogspot.pt

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  8. gostei mt de conhecer essa realidade!

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  9. Já conhecia essa modalidade sempre ouvi boas historias de pessoas que entraram nesses programas. Até ja cheguei a receber mensagens de interesse, a ultima de uma família na arabia saudita :P Até la espero poder encontrar uma família no japão ou noutro país asiático. :D

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  10. Não conhecia, já tinha uma ideia dos intercâmbios mas nunca tinha ouvido falar de trabalhar noutros países a tomar conta de crianças e é bom, ficamos a conhecer outros países, outras culturas e quem sabe outras mentalidades, ao princípio é pior porque temos que arriscar largar tudo, mas às vezes vale a pena. Obrigada por partilhar essa experiência conosco.

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  11. eu tenho muito medo de emigrar mas adorava ser ama.. adoro crianças

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