21 de novembro de 2014

A primeira vez que conheci um seropositivo

Esta semana estava numa clínica aqui em Moçambique e entrou uma senhora que pediu a alto e bom som um teste de HIV/SIDA. Coisa que em Portugal não imagino que acontecesse assim tão descaradamente. Fiquei a rezar por ela à espera que não tenha sido infectada, mas este episódio fez-me lembrar da primeira vez que conheci um seropositivo e decidi partilhar convosco aqui no blog.

No ano de 2008 estava eu a trabalhar num stand a vender os apartamentos de um prédio novo, diariamente entravam várias pessoas para conversar comigo, eu agradecia, porque como devem compreender trabalhar num stand não é o mesmo que estar numa loja, eu ficava horas e horas a olhar para as paredes. 

Uma tarde entrou um rapaz muito bonito, muito mesmo, foi logo o que me chamou à atenção, estava com uma capa preta na mão e pensei que ou vinha comprar ou me pedir alguma informação.

Convidei-o a sentar-se e ele disse-me que estava a representar a associação X, (não me recordo mesmo do nome) e que estavam a angariar fundos...

Fiquei a pensar que já conhecia aquele tipo de associações mas que a maioria das vezes as pessoas que estavam a pedir tinham aspecto de toxicodependentes ou ex-toxicodependentes, desculpem o meu julgamento, mas é a realidade e vocês já os devem ter visto por aí.

Então na minha cabeça já só soava uma pergunta "este homem lindoooo será portador do vírus da sida?", ainda falamos algum tempo mas a minha curiosidade foi maior e perguntei-lhe directamente, ao que ele me respondeu "Sim", bem... aquilo caiu-me como uma bomba, sabem aquela velha história de dizerem que o vírus não tem cara, qualquer pessoa pode ser portadora blablabla, pois ali tinha eu a prova que isso era verdade.

O choque na minha cara deve ter sido notório e ele disse que podia contar a historia dele pessoal.


Vou vos fazer um pequeno resumo:

Um rapaz giro, com imenso sucesso com as miúdas, muito mulherengo, com apenas 24 anos, andava sempre nas discotecas, nas noites, nas festas... um dia foi fazer exames de rotina e depois de tantas loucuras que já tinha cometido pediu ao médico de família exames a tudo... quando vieram os resultados foi uma bomba para ele, entrou em depressão, pensou e tentou o suicídio, até que disse que tinha de dar a volta por cima, voluntariou-se naquela associação para com a experiência dele angariar doações e sensibilizar as pessoas para que saibam que QUALQUER UM pode ter o vírus, por mais lindo, inteligente, por qualquer coisa de bom que seja.

Ele era super culto, falava muito bem, eu dei a minha contribuição e desejei-lhe boa sorte na nova missão dele.



Vocês não imaginam como aquela informação toda me devastou, parecia que tinha passado um camião em cima de mim, lógico que não era só por ele ser giro, era por ser tão jovem e pior era por a vida que ele levava e eu conhecer na altura dezenas ou centenas de pessoas assim. Na altura eu não faltava a uma festa, não havia discoteca que eu não conhecesse, mas felizmente nunca fui para esses sítios com intuito de arranjar uma companhia e não me envolvia com pessoas da noite, desde muito nova que me foi incutido pelos meus pais a necessidade de usar protecção nas minhas relações.

Mas aquele rapaz marcou a minha vida, partilhei a história dele com todas as amigas e amigos, falei com muitas pessoas para os alertar para os perigos de andarem sempre a trocar de parceiros e pior, o perigo de não usarem protecção nas suas relações sexuais.

Com isto tudo quero apenas vos dizer que usem SEMPRE protecção, mesmo com os vossos maridos, porque em breve vou partilhar convosco a história da primeira vez que vi alguém morrer por causa da SIDA.

Vejam o post O HIV não tem cara e partilhem.


5 comentários:

  1. É verdade!! E haverá tantas outras histórias semelhantes que nem fazemos ideia. O mais importante é aprendermos com elas*

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  2. Bem, eu nunca conheci niguém com a doença mas deve ser muito tocante ouvir esse relato e ainda nos dá a realidade de que a doença existe e há pessoas sim que a têm, é fácil de apanhar se não houver proteção e todo o cuidado e que como disse no post: o HIV não tem cara, já ouvi relatos de pessoas que vêem mais toxicodependentes com a doença, mas, na minha opinião é por isso que algumas pessoas não têm tanto cuidado a ter relações com este ou aquele, poque secalhar não ter "ar de ser" e peço desculpa, mas acho que há pessoas que pensam isso e é a realidade, toda a gente está suscetível de apanhar se tiver relações com estranhos ou por partilhar coisas, etc. Por último, Deus olhe pela pessoa que referiu no post e é sempre bom ajudar essas associações, mostrar que há pessoas que não estão sozinhas, ajudem sempre.

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  3. até hoje não conheci nenhuma pessoa com HIV

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  4. As pessoas muitas vezes esquecem-se de usar proteção o que leva a situações ingratas como esta

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  5. Lembro-me que em Cabo Verde também era normal e sem vergonha pedirem um teste. E era bem mais barato que cá. Que eu saiba nunca conheci uma pessoa portadora do vírus mas qualquer pessoa pode ser...

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